A temporada 2016-2017 da NBA já está na metade, e enquanto os playoffs não chegam, as atenções estão voltadas para o grande vencedor do prêmio de MVP (Most Valuable Player ou Jogador Mais Valioso) da temporada regular, uma espécie da Bola de Ouro do basquetebol americano. A briga está acirrada, mas o principal favorito é um jogador que pode igualar um feito que não é repetido há 55 anos.
Em 2008, o armador Russell Westbrook foi escolhido pelo Oklahoma City Thunder no Draft daquele ano na 4ª escolha. Um ano antes (quando a equipe ainda era chamada de Seattle SuperSonics), o ala Kevin Durant era selecionado na 2ª posição do evento. E em 2009, na 3ª escolha, o selecionado do Thunder era o ala-armador James Harden. Durante três anos, o Oklahoma City Thunder colocou tudo a prova para tornar a equipe uma das mais vencedoras de toda a história. Mas, na verdade, esse sonho quase se tornou realidade. Depois do trio ir aos playoffs pela primeira vez na temporada 2009-2010, o Thunder chegou na final da conferência oeste na temporada 2010-2011 e nas Finais da NBA na temporada 2011-2012 contra o Miami Heat que contava com o trio Dwyane Wade, LeBron James e Chris Bosh (derrotados nas duas séries por 4 a 1). Depois disso, o trio Westbrook-Durant-Harden nunca mais voltou a atuar novamente.
Na pré-temporada de 2012, James Harden (vencedor do prêmio de melhor 6º homem da liga) foi trocado para o Houston Rockets depois de a equipe não conseguir uma renovação de contrato com ele. Não abalado de terem perdido um de seus melhores jogadores, o time de Oklahoma City estava confiante de que a dupla Westbrook-Durant era o suficiente para levar a franquia ao topo do pódio. Mas isso não aconteceu... A temporada 2012-2013 começou bem com o Thunder sendo o primeiro colocado da conferência oeste (60 vitórias e 22 derrotas), mas a desilusão chegou nos playoffs daquele ano, com Westbrook lesionado no jogo 2 na segunda partida contra o Houston Rockets na primeira rodada (4 a 2 contra a equipe de James Harden) e eliminado na semi-final de conferência para o Memphis Grizzlies por 4 a 1.
Na temporada seguinte, mesmo com Kevin Durant sendo o MVP da temporada regular, o Thunder caiu nas finais da conferência oeste contra o San Antonio Spurs, que viria a ser campeão daquela temporada. Em 2014-2015, a franquia de Oklahoma não avançou aos playoffs (9º colocado no oeste com 45 vitórias e 37 derrotas) já que seus astros foram castigados por várias lesões (Westbrook disputou 47 jogos, enquanto Durant participou de apenas 27 partidas). Na última temporada, o Thunder chegou novamente nas finais de conferência, porém foram derrotados pelo Golden State Warriors por 4 a 3 após estar vencendo a série por 3 a 1.
Isso foi a "gota d'água" para Kevin Durant, que estava em fim de contrato com o Oklahoma City Thunder. Na última pré-temporada, KD anunciou no The Player's Tribune que deixaria o Oklahoma City Thunder e iria para o Golden State Warriors. A transação foi vista como traição do ala não só pelos torcedores da franquia, mas também por todos os fãs da NBA que entenderam que esse seria um caminho mais fácil para o anel de campeão da NBA, já que o Warriors (mesmo derrotado na série final pelo Cleveland Cavaliers por 4 a 3) tinha quebrado o recorde de vitórias em uma temporada, com 73 vitórias e apenas 9 derrotas, deixando o Chicago Bulls de 1995-1996 para trás. Naquela hora, Durant passava de herói para vilão, equanto Russell Westbrook, único remanescente dos três, continuava em Oklahoma City para defender o Thunder.
A temporada 2016-2017 começou com o Thunder "órfãos" de Kevin Durant, mas com reforços importantes, como Victor Oladipo e Domantas Sabonis (vindos de troca com o Orlando Magic pelo ala-pivô Serge Ibaka) e com Russell Westbrook tendo de assumir o cargo deixado por KD de liderar uma equipe que queria provar, apesar de tudo, que não estava "preparada" e que ainda possuía uma carta na manga. E não é que vem dando certo!? Westbrook vem mostrando que está a altura do desafio e se encontra perto de realizar uma temporada histórica para a NBA, para o basquete e para os fãs do Oklahoma City Thunder, já que ele pode terminar a temporada com médias que formarão um triple-double. No momento, suas médias são de 30.9 pontos (maior pontuador da liga), 10.7 rebotes e 10.5 assistências. São números históricos que o colocam em 1º lugar para o título de MVP da temporada 2016-2017, independentemente da posição que o Oklahoma City Thunder se encontra e se encontrará na tabela (6º colocado na conferência oeste com 25 vitórias e 17 derrotas).
Mas qual o motivo disso? Para responder isso, teremos de comparar os números de Westbrook voltando 55 anos na história da NBA. Na temporada 1961-1962, Oscar Robertson, que defendia o Cincinatti Royals (atual Sacramento Kings), terminou a temporada com médias de 30.8 pontos, 12.5 rebotes e 11.4 assistências. No entanto, Oscar Robertson não foi coroado o MVP da temporada, perdendo o título para Bill Russell (que defendia o Boston Celtics) em uma temporada que Wilt Chamberlain teve médias de 50.4 pontos e 25.7 rebotes.
Mas vamos voltar para a realidade de 2017... Westbrook está fazendo história na NBA. Na temporada anterior, o armador teve 18 triple-doubles. Em 40 jogos disputados pelo atleta, ele conquistou 18 triple-doubles, chegando no 19º jogo com dígitos duplos em 3 estatísticas diferentes na derrota para o Minnesota Timberwolves na última sexta-feira (13) e o 20º na vitória em cima do Sacramento Kings nesse domingo (15). E tem mais: ele foi o primeiro jogador desde Michael Jordan (em 1989) a ter 7 jogos seguidos com triple-doubles, empatando com a segunda maior sequência de triple-doubles na história da NBA. A corrida para o título de MVP parece ter apenas um rival que, por coincidência, é um velho conhecido de Westbrook: o ala-armador do Houston Rockets e líder de assistências da liga (11.7 por jogo), James Harden. Veremos o resultado em abril, quando será descoberto quem levará o prêmio para casa.